Brasília, 02 de fevereiro de 2015
'Um amor assim delicado
Nenhum homem daria
Talvez tenha sido pecado
Apostar na alegria
Você pensa que eu tenho tudo
E vazio me deixa
Mas Deus não quer que eu fique mudo
E eu te grito esta queixa...'
Queixa- Caetano Veloso
Como é possível estar num lugar e se sentir fora do corpo? Juro, hoje não me senti dentro do meu próprio corpo. Acordei com um tremor nas mãos, fraqueza esquisita, tudo reflexo do que está aqui dentro.
Estou a caminho de casa e mesmo quase derretendo de calor nesse ônibus lotado, sinto que congelo cada vez mais por dentro. Ouço Letuce e música diz: 'pode ser que eu consiga esquecer...'
Será?
As músicas têm se encaixado perfeitamente em tudo na minha vida. Queria chegar em casa e não ter que ouvir ninguém nem minha própria voz. Meu coração chora... Tá uma lua linda lá fora.
Penso em Júpiter retrógrado desde o ano passado só complicando minhas relações amorosas. Nada anda, tudo está confuso e particularmente pesado de suportar. Não tem sido fácil ser eu nesses últimos dias.
Não quero mais pensar no que poderia ter sido. Não foi. Não é. Aceite, diz minha razão. Mas como seguir a razão se sou como disse Clarice, sou um coração batendo no mundo. E apanhando muito também.
Na verdade, só tenho apanhado nesses últimos meses. Ainda tenho coração e não sei se isso é bom. Queria não ser... Hoje eu só quero não estar.
Há um desconforto no ar e eu não acho legal. Talvez você não esteja entendendo nada, ok. É que nasci com os sentimentos do planeta transbordando aqui dentro.
Talvez tenha sido pecado apostar na alegria, como se queixa Caetano.
Outro dia li em algum lugar que olhar nos olhos é muito perigoso. E eu concordo. Eles falam coisas que a boca jamais ousaria dizer.
Sabe, B., hoje você não disse nada, mas me arrasou.
Bem triste, Luana.