domingo, 25 de fevereiro de 2018

Tchau, R.!

Brasília, 25 de Fevereiro de 2018
Para ler ao som de Tchau - Luciana Mello

     R., já te disse adeus diversas vezes sem ao menos falar uma só palavra. Disse internamente, escondido, ou talvez para alguns amigos mais próximos. Ninguém acredita. Talvez nem eu acredite de verdade nessas despedidas passionais. 

     Já nos conhecemos há 1 ano e sinto a mesma curiosidade de saber sobre você. Gosto de falar contigo e você sabe disso. Você se afastou e eu notei bem. Talvez você goste de falar comigo, talvez não queira perder o contato de forma repentina. Talvez... 

     Sempre que penso em ir embora alguma coisa acontece e como num outdoor tudo fica bem claro e grita: Ei, ele está aqui! E eu volto à estaca zero e continuo pensando em você. Desde o início sempre soube de todas as circunstâncias e impossibilidades. Agora vejo que há outras coisas em jogo.

     E quando eu tento não falar contigo, te evitar de alguma forma, você reaparece como se soubesse dos meus planos. Já te esqueci, vivi aventuras que aqueceram meu coração novamente. Mas bastou você me olhar com esse sorriso pra tudo voltar.
E eu gosto de ouvir sua voz descontinuada, meio fina, meio adolescente... Sua cara de sono em plena tarde quente de domingo. Eu gosto... 

     Sigo aqui com esse sentimento velado, às vezes escancarado, descarado e explícito. Tão eu, assim bem contraditória, mas sigo. Enfim, "tchau, me deixa eu tô legal. Vai ser bem melhor assim eu mesmo cuidando de mim. Eu mesmo me amando só, eu quero ficar melhor. Eu quero te dizer tchau... ".

Muita saudade daqui... 

Luana Major

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Minha queixa



Brasília, 02 de fevereiro de 2015




'Um amor assim delicado
Nenhum homem daria

Talvez tenha sido pecado

Apostar na alegria
Você pensa que eu tenho tudo
E vazio me deixa
Mas Deus não quer que eu fique mudo
E eu te grito esta queixa...'
Queixa- Caetano Veloso



Como é possível estar num lugar e se sentir fora do corpo? Juro, hoje não me senti dentro do meu próprio corpo. Acordei com um tremor nas mãos, fraqueza esquisita, tudo reflexo do que está aqui dentro. 

Estou a caminho de casa e mesmo quase derretendo de calor nesse ônibus lotado, sinto que congelo cada vez mais por dentro. Ouço Letuce e música diz: 'pode ser que eu consiga esquecer...' 

Será?

As músicas têm se encaixado perfeitamente em tudo na minha vida. Queria chegar em casa e não ter que ouvir ninguém nem minha própria voz. Meu coração chora... Tá uma lua linda lá fora. 

Penso em Júpiter retrógrado desde o ano passado só complicando minhas relações amorosas. Nada anda, tudo está confuso e particularmente pesado de suportar. Não tem sido fácil ser eu nesses últimos dias. 

Não quero mais pensar no que poderia ter sido. Não foi. Não é. Aceite, diz minha razão. Mas como seguir a razão se sou como disse Clarice, sou um coração batendo no mundo. E apanhando muito também.  

Na verdade, só tenho apanhado nesses últimos meses. Ainda tenho coração e não sei se isso é bom. Queria não ser... Hoje eu só quero não estar. 

Há um desconforto no ar e eu não acho legal. Talvez você não esteja entendendo nada, ok. É que nasci com os sentimentos do planeta transbordando aqui dentro. 

Talvez tenha sido pecado apostar na alegria, como se queixa Caetano. 

Outro dia li em algum lugar que olhar nos olhos é muito perigoso. E eu concordo. Eles falam coisas que a boca jamais ousaria dizer.

Sabe, B., hoje você não disse nada, mas me arrasou. 

Bem triste, Luana. 

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Tá tudo bagunçado



Brasília, 30 de janeiro de 2015


'Assimila, dissimula, afronta, apronta
Diz: "carrega-me nos abraços"

Lapida-me a pedra bruta, insulta

Assalta-me os textos, os traços
Me desapropria o rumo, o prumo
Juro, me padeço com você' 
- O Teatro Mágico - Você me Bagunça



Nunca tive insônia, mas está tão difícil dormir hoje. Seu rosto me perturba silenciosamente. Tento resistir. Não dá. É você, seu discurso, suas mãos invadindo meu espaço - e você sabe bem do que falo.  

São seus olhos sorrindo e me devorando aos poucos. Olhos de comer fotografia, como no caso da Lily Braun. Xale no decote pra mim também! É seu sotaque carregado. Seu sinal abaixo do olho direito. São seus fios grisalhos-  tão precoces, mas que eu adoro vê-los.  

É a vontade de fazer como o fino menino e me inclinar pro lado do sim e dizer rapte- me,  adapte- me a uma cama boa... Caetanear com você. Ser sua camaleoa. 

É a lembrança do dia em que dissemos tudo - bem abertamente. É a vontade desse dia voltar. Te responderia aquela mensagem no mesmo minuto e eu perderia o fôlego. Lembra?  

Tudo seria bem diferente. É a vontade de arrumar o quarto com você. De te roubar mais um beijo, podia ser até aquele selinho relâmpago. 

É tanta vontade de uma saudade infinda. Vontade de te ver e não ficar tão distante. É querer te olhar nos olhos e sorrir também. É tanta coisa que hoje já não caibo em mim. Disfarço e choro, como manda aqui no rádio o mestre Cartola.  

Choro,  apenas.  

Não resolve, mas parece aliviar. Talvez o sono me queira. Sono sem sonhos, por favor!  Já não basta te ver todo dia? 

B., há um nó na minha garganta. Ele me impede de te olhar direito, de trocar qualquer palavra com você. Não se espante, B. Talvez você nem pense mais em mim - é compreensível.  

Você tem toda razão pra tudo. Eu não tenho crédito pra nada. Mas mesmo estando com o saldo negativo, saiba que você ainda é o mesmo querido de sobrenome que eu fui muito com a cara. 

Não pretendo devolvê-la tão cedo. 

É vida que segue. É lágrima que cai. É coração que espanca o meu peito. É seu rosto em meio a tantos... mas é seu rosto. É você que me perturba sem dizer uma só palavra.

Como desencanar de possibilidades? Preciso desencanar das velhas possibilidades. É isso, eu acho. A pior das sensações é não ter vivido 1/3 do que se imaginou.  

Mas, B.,você não tem culpa pela minha imaginação. Ninguém tem culpa de nada. Foi faísca de princípio de incêndio. E como dizem os bombeiros na ronda: negativo para incêndio, foi apenas um superaquecimento de panela. 

Foi isso, B. Não rende pauta. Não vale a pena mandar equipe. E pelo jeito, você já deve ter arrumado seu quarto. A única bagunça que ainda persiste é a do meu coração. 

Beijo da Lu

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Felicidade


Brasília, 27 de janeiro de 2015



'Você não diz, mas balançou
Qual a razão e a vontade
Desperdiçou sexo do bom
Meu próprio som
E silêncio e outras raridades'

E sendo amor - Adriana Calcanhotto


Felicidade engorda. Senti na pele - e na balança - os ponteiros subindo de alegria por nada. Aí veio a desilusão - rasa, quero deixar claro. A fome aumentou. 

Desilusão boa é aquela que te arrasta e te afasta da geladeira. Te faz definhar. E a fome da tal desilusão rala e rasa bateu no meio da noite. Vou ao balcão da lanchonete e peço o mesmo sanduíche de ontem, queijo e peperone.

- 35 reais -   diz o atendente.


- Ele custa 35 reais? -  pergunto.


- sim, 39 reais com a Coca-Cola em lata -   responde já impaciente.


Como ele sabe que gosto de Coca-Cola? Não digo nada. Pago e procuro uma mesa na varanda. Tranquilamente, devoro minha desilusão barata.

Pessoas conversam, pequenos grupos no estacionamento falam sobre festas e badalações. Nada me apetece. 

De repente você se aproxima. Calça jeans,  camisa xadrez em tom de azul. Sorri de forma tão educada, puxa conversa - como você pode ser tão cabeça tranquila assim? - e eu me derreto toda.


- Não te vi na festa do barco. Você foi mesmo? -  diz você com o sotaque carregado.



Respondo com paz e serenidade: - Não deu. Fui a uma festa gay com alguns amigos - mesmo sabendo que confirmo presença em tudo que é evento e não compareço.

Deixo o sanduíche na mesa e fico na varanda com você. Encostado na parede você puxa meu braço, corre os dedos até minha mão esquerda e diz:  - Vai ter outra festa no barco. Quero que você vá comigo. Se quiser, podemos chamar amigos de fora, ninguém do trabalho.

Anestesiada e completamente feliz aperto sua mão direita e num sorriso te falo tudo que ainda está entalado.

Penso: ainda bem que tudo se acertou. Não vou te deixar escapar, não vou me sabotar, tudo vai ficar bem.

Você me olhou e - como de costume- sorriu com os olhos. É tão raro. É lindo. 

Te ofereci meu sanduíche. Você tirou o peperone e disse que estava com gastrite,  não queria uma nova crise. Foi pra fila pedir outra coisa. 

E eu? Perdi a fome. Não de desilusão, de felicidade extrema. Gargalhei por dentro. Desculpe se mudo de opinião assim tão facilmente,  mas felicidade também te rouba alguns números no manequim. 

Te esperei com seu lanche, mas aí já era tarde. Acordei do sonho querendo que tudo fosse real. Engano meu. Olho no relógio e os ponteiros marcam 03h da madrugada. Tento dormir com fome e sem você. 

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Eu quero a paz de viver solto...


Brasília,  12 de janeiro de 2015

                                        Ouça Avião do Djavan


'Pode quebrar, sofrer, cair, descer, contorcer de dor
Não vou mais me prender a você, fazer o mesmo show
Vou bater na porta da vida, receber e pagar
Sem ter que me entregar a ninguém, nem me conformar com pouco 
Eu quero a paz e viver solto
Vai dizer que sou outro, sou não
Eu me cansei de ser seu avião não vou voar não
Dessa vez...'




Bom dia, D.! 

Há tempos não te escrevo, não é mesmo? Tenho pensado muito pouco em você. O tempo é implacável e deu um jeito de apagar muita coisa sua que ainda estava em mim. Não sinto mais sua falta. Mas ontem sonhei contigo,  acredita?  

No sonho você me mandava uma mensagem, como se nada tivesse acontecido e dizia que queria me ver. Isso o tempo não apagou. Você sempre agiu assim. E eu, mesmo sem vontade - só por vício ou posse- disse sim mais uma vez e fui te ver. Acordei antes de qualquer encontro - ainda bem.

D., gostei tanto de você. Fiz planos de passar noites calorosas, de descobrir cada amanhecer naquele quarto tão claro, de te abraçar no entardecer... Meus planos eram possíveis e simples, eu sei.  Mas parece que simplicidade nunca foi seu forte.

D., eu me contentaria em fazer nada com você  - porque qualquer coisa já seria tão bom só de ter sua companhia. Você não quis. Você não quer... Obrigada por ter sido tão seco comigo nesses últimos meses. 

Essa sua secura de alma me fez ver que nossas almas são opostas. Sim, somos geminianos. Nosso signo é de ar. Mas você é brisa e eu sou redemoinho. Meu ascendente é gêmeos também. Isso me torna um furacão de sentimentos. 

Seu ventinho não me apetece mais. Eu gostava de te escrever, mas agora há um tornado lá fora me esperando.

Desejo que se encontre! 


Consideração daqui. 


Beijo

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Carta de despedida

Brasília, 05 de janeiro de 2015

Para ouvir ao som do mestre Djavan - Acelerou


"Quando te vi, aquilo era quase o amor
Você me acelerou, acelerou, me deixou desigual
Chegou pra mim, me deu um daqueles sinais
Depois desacelerou e eu fiquei muito mais..."

Bom dia, B! (aperto de mão)

Há gesto mais formal que um aperto de mão? Acho que não, B. Minha vontade era de me esconder no buraco mais distante do mundo e não olhar mais pra você. Mas não, você é um ser humano tão evoluído e maduro – coisa rara hoje em dia – que fez questão de olhar nos meus olhos, abrir um sorriso, estender a mão e dizer “oi”.  Não quero nem imaginar que cara eu fiz. Não sei disfarçar nada.

Obrigada, agora estou me sentindo uma completa idiota mesmo.  Por quê?   Apenas porque me comportei como uma imatura com você, um cara tão novo e ao mesmo tempo prático e de caráter formado. Capricorniano do primeiro decanato, calmo e introspectivo a ponto de controlar as emoções e até de anulá-las para preservar uma imagem.  

E eu, geminiana com ascendente em Gêmeos e Vênus em Áries, quis tomar conta da situação e joguei seu nome na Medina. Quando e como daria certo um capricorniano com uma geminiana? Nunquinha da Silva! Vou do 8 ao 80 em segundos, mudo de ideia o tempo todo, me apaixono e desapaixono num piscar de olhos.

Então, cadê a segurança que todo nativo de Capricórnio procura? Cadê a discrição e a sensatez?  Aí vem alguém e diz que os opostos se atraem. Aham, fomos atraídos. Talvez pela carência momentânea ou pelo instinto animal. Quem nunca? Eu sempre.

Tivemos um rascunho de flerte. Hahaha O que é isso, minha gente? Nada! Não tivemos nada além de um mísero beijo (e algo mais). Roubado, diga-se de passagem. E claro, promessas e mais promessas que instigaram e incendiaram nossa imaginação – digo nossa porque a minha explodiu.  

Estraguei tudo, te disse. Entrou a tequila e baixou a possessiva. Como pode? Como diz Marla de Queiroz: o carente não ama, faz reféns. É, meu caro B., tratando-se de relacionamentos, sou a maior sequestradora do país, quiçá do mundo. Deixo Vilma Martins no chinelo. Não me orgulho disso. Acho que tudo na vida é aprendizado mesmo. Ok, parece clichê, mas é a realidade do planeta.


B., a vítima da vez foi você. Há meses era outro, há anos foi outro (coitado). E agora, José? Quem será a próxima vítima? Tomara que ninguém. Lá vai outra frase clichê, mas nada acontece por acaso. E por acaso, no caso, foi você. E por acaso falei demais. E no caso, digamos que as pessoas têm um interesse sem tamanho pela minha vida. Arrastei meu Sari pro teu lado e deu nisso, tive a cara arrastada na Medina. Minha vontade era de jogar esses fofoqueiros no mármore do inferno. Mas não, ignoro. É o que você deve fazer também. E como você mesmo disse, a gente é adulto, certo? Vamos tocando a vida e nos acertando.  

P.S.: Vai ser foda anular o que ainda pega fogo. Mas vontade dá e passa. Vai passar, eu sei que vai. 

Carinho e fogo daqui

Beijos

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Calma!



Brasília,  09 de dezembro de 2014

Te acalma, coração! 

Decidi te escrever porque tenho visto toda essa inquietação. Você é muito confuso. Diz que não quer mais se quebrar, que é forte e outras dezenas de mentiras. Aí, como num passe de mágica você decide amolecer de novo. Agora está aí todo bobo, parece até que voltou a ser adolescente.  

Você anda tão desconcertado que mexe com o corpo todo. Deixa as pernas bambas e o estômago cheio de borboletas. Agora sei qual é a sensação de borboletas no estômago. Coração, seja paciente! Tudo tem sua hora. Ok, parece tão clichê... mas é verdade.

Tenha calma que tudo ainda vai se resolver...

Te desejo um amor pra vida toda!