sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Tá tudo bagunçado



Brasília, 30 de janeiro de 2015


'Assimila, dissimula, afronta, apronta
Diz: "carrega-me nos abraços"

Lapida-me a pedra bruta, insulta

Assalta-me os textos, os traços
Me desapropria o rumo, o prumo
Juro, me padeço com você' 
- O Teatro Mágico - Você me Bagunça



Nunca tive insônia, mas está tão difícil dormir hoje. Seu rosto me perturba silenciosamente. Tento resistir. Não dá. É você, seu discurso, suas mãos invadindo meu espaço - e você sabe bem do que falo.  

São seus olhos sorrindo e me devorando aos poucos. Olhos de comer fotografia, como no caso da Lily Braun. Xale no decote pra mim também! É seu sotaque carregado. Seu sinal abaixo do olho direito. São seus fios grisalhos-  tão precoces, mas que eu adoro vê-los.  

É a vontade de fazer como o fino menino e me inclinar pro lado do sim e dizer rapte- me,  adapte- me a uma cama boa... Caetanear com você. Ser sua camaleoa. 

É a lembrança do dia em que dissemos tudo - bem abertamente. É a vontade desse dia voltar. Te responderia aquela mensagem no mesmo minuto e eu perderia o fôlego. Lembra?  

Tudo seria bem diferente. É a vontade de arrumar o quarto com você. De te roubar mais um beijo, podia ser até aquele selinho relâmpago. 

É tanta vontade de uma saudade infinda. Vontade de te ver e não ficar tão distante. É querer te olhar nos olhos e sorrir também. É tanta coisa que hoje já não caibo em mim. Disfarço e choro, como manda aqui no rádio o mestre Cartola.  

Choro,  apenas.  

Não resolve, mas parece aliviar. Talvez o sono me queira. Sono sem sonhos, por favor!  Já não basta te ver todo dia? 

B., há um nó na minha garganta. Ele me impede de te olhar direito, de trocar qualquer palavra com você. Não se espante, B. Talvez você nem pense mais em mim - é compreensível.  

Você tem toda razão pra tudo. Eu não tenho crédito pra nada. Mas mesmo estando com o saldo negativo, saiba que você ainda é o mesmo querido de sobrenome que eu fui muito com a cara. 

Não pretendo devolvê-la tão cedo. 

É vida que segue. É lágrima que cai. É coração que espanca o meu peito. É seu rosto em meio a tantos... mas é seu rosto. É você que me perturba sem dizer uma só palavra.

Como desencanar de possibilidades? Preciso desencanar das velhas possibilidades. É isso, eu acho. A pior das sensações é não ter vivido 1/3 do que se imaginou.  

Mas, B.,você não tem culpa pela minha imaginação. Ninguém tem culpa de nada. Foi faísca de princípio de incêndio. E como dizem os bombeiros na ronda: negativo para incêndio, foi apenas um superaquecimento de panela. 

Foi isso, B. Não rende pauta. Não vale a pena mandar equipe. E pelo jeito, você já deve ter arrumado seu quarto. A única bagunça que ainda persiste é a do meu coração. 

Beijo da Lu

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